Pontifício Colégio Português

As primeiras linhas da história do Pontifício Colégio Português começaram a ser escritas num encontro a 6 de Maio de 1898 no Hôtel de Rome, na Via del Corso em Roma, do qual se lavrou a «Acta da fundação do Collegio Portuguez em Roma». A sua fundação está ligada aos seguintes nomes presentes neste encontro: D. António José de Souza Barroso, Bispo de Meliapor; Luis Maria de Sousa Vahia Rebelo de Morais e D. Maria Adelaide Pinto da Silva, os Viscondes de S. João da Pesqueira; o Cavaleiro António Braz de Braga; o P. José d’Oliveira Machado, Reitor de Santo António dos Portugueses em Roma; P. Ricardo Tabarelli, Reitor de S. Nicolau dei Prefetti e D. Pio Gurisatti, Superior Geral da Congregação dos Padres delle Stimmate.

No ano académico de 1898/99 o Colégio começou a funcionar em Santo António dos Portugueses. No ano seguinte funcionou na Villa Borghese. Em 1900 passou para o Palácio Alberini, da autoria do Arquitecto Júlio Romano, discípulo de Rafael, na Via Banco Santo Spirito onde funcionou até 1974. A sede actual abriu a 15 de Outubro de 1975. Nesse mesmo ano começaram a prestar serviço no Colégio as Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias.

Na verdade, o Colégio nasceu de uma particular solicitude dos Sucessores de Pedro: em 20 de Outubro de 1900, o Papa Leão XIII instituiu canónicamente o Colégio Português, com as letras Apostólicas «Rei Catholicae apud Lusitanos», aduzindo as seguintes motivações e determinando a sua finalidade: «... para maior glória de Deus, para aumento da Religião Católica, para esplendor e utilidade do ínclito Reino de Portugal, pelas presentes Letras, fundarmos e constituímos em Roma, sob a nossa autoridade e tutola e dos Nossos Sucessores, o Colégio Eclesiáticos de Roma. Para mostrar claramente a nossa benevolência para vom o Povo Lusitano... é Nossa resolução provê-lo as expensas Nossas de um edifício apropriado». Pio X, em 1903 (48 horas após a sua eleição), concedeu a primeira audiência colectiva ao mais recente e mais pequeno dos Colégios de Roma e escreveu, a 20 de Fevereiro de 1907, uma carta ao Episcopado de Portugal, pedindo-lhes a sua diligente cooperação nesta tão útil obra. Pio XI, em 1929, benzeu a imagem de Nossa Senhora de Fátima que se encontra na capela do Colégio. Pio XII recebeu o colégio a 14 de Março de 1957, integrado na celebração do quinquagésimo aniversário da fundação. Paulo VI benzeu a primeira pedra do actual edifício a 13 de Maio de 1967 em Fátima. João Paulo II visitou o colégio no dia 12 de Janeiro de 1985 e recebeu-o em audiência no dia 11 de Janeiro de 2003, por ocasião do seu centenário.

O Colégio Português foi fundado para alojar os presbíteros que, de Portugal ou de outras nações, são designados e enviados para Roma pelos seus bispos ou superiores para completar e aprofundar os seus estudos nas várias áreas do saber humano e teológico. O Pontifício Colégio Português é propriedade da Conferência Episcopal Portuguesa, dependendo também da Santa Sé. Efectivamente, o Reitor é nomeado pela Congregação para a Educação Católica sob proposta dos Bispos de Portugal. Por sua vez o Vice-Reitor ou outros responsáveis do Colégio são nomeados pela Conferência Episcopal Portuguesa com o conhecimento da Sé Apostólica.

Aquando da visita ao Colégio, João Paulo II recordou bem a importância deste: «É motivo de confiança o passado deste Colégio (...). Com efeito, a história da Igreja em Portugal e noutros territórios e Nações de expressão portuguesa, neste século, não poderá ser escrita sem referir a participação que nela tiveram os antigos alunos do Pontifício Colégio Português»[1]. De facto, o Colégio conta no seu álbum de honra quatro cardeais, mais de cinquenta bispos, sem esquecer os outros mais de setecentos presbíteros e outros servidores do Povo de Deus.

No dia 11 de Janeiro de 2003, por ocasião do centenário de fundação, o Papa João Paulo II e o Cardeal-Patriarca D. José Policarpo salientaram a missão do Colégio em consolidar nos sacerdotes uma mentalidade universal e católica conforme as orientações fundamentais da acção pastoral e em ser «casa da comunhão», à luz da contemplação do mistério de Cristo: «Como disse o senhor Cardeal, hoje abrigam-se nele sacerdotes de diferentes países e línguas, tornando-se um lugar privilegiado de encontro sacerdotal e um laço promotor de unidade entre distintas Igrejas locais»[2].

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[1] J. Paulo II, 12.01.1985.

[2] Osservatore Romano em português 3 (2003) 3.